segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

va no seu armário e confirme se nao tem ninguem la!!!

A MULHER NO ARMÁRIO



Quando eu abro o armário eu vejo uma mulher
Quem a colocou lá?
Seu rosto é tão pálido e esta manchado pela sombra do armário
Ela tem os olhos castanhos grandes e fundos
Expressam alguma dor
Eu perguntei pra ela o porquê de ela não sai do armário

E ela responde sussurrando
Quase soletrando, meio soluçando.
M-e-d-o
Ela se recolheu no fundo do armário
Estranha ela esta nua
Estranho seus pés estão atados com um rosário
O que terá acontecido a essa mulher do armário
O armário é apertado
Seus sonhos não caberiam lá
Então ela os guarda nas gavetas
A esperança que tinha
 Ela amarrou numa fitinha e amarrou no pulso
Mas ela nem se lembra de que a esperança esta lá
Pobre mulher, eu sempre venho abrir o armário.
Quero tirar ela de lá
E meus olhos estão ficando afundando em minha face 
Por que eu não consigo tirar ela de lá
E quando ele sussurra eu leio seus lábios 
E sussurro também:
M-e-d-o
Outro dia, não sei por que,
Eu abracei ela
Num impulso louco e chorei
Nem mesmo eu sei por que fiz aquilo
Agora estou dentro do armário,
Não quero sair,
Não posso deixar a mulher do armário sozinha
Estou pálido
Estou nu
Tenho apenas esse papel e caneta em que escrevo
E descrevo a mulher do armário
Estou num armário
Tem uma mulher aqui comigo
Ninguém vem nos visitar
Exceto um rato que esta roendo nossos sonhos
E um bando de cupins que estão devorando nosso armário
Estamos fracos, pálidos, mudos
A fita esperança arrebentou
Esta sangrando
O pulso esta sangrando
Acho que ela esta morrendo
Não, não vou a deixar morrer.
Saio do armário, arranco as portas
Estou nu
Com ela no meu colo
Também nua
O pulso esta sangrando
Saio correndo
A luz do sol me assusta
Esta me queimando
Eu perco o sentido e caio
Acordo num hospital, ao lado da mulher do armário
Ela esta de branco, esta linda, seus cabelos são tão negros.
Eu olho pra ela,
 Tem uma rosa num pequeno vaso próximo a sua cabeça
Fico lá, perto dela algumas horas.
Médicos passam, 
Enfermeiras também
Nas suas roupas brancas e demasiadamente apressados
Estou olhando pra ele
Ela acorda e sorri pra mim
Pela primeira vez
Depois fecha a expressão
Os seus olhos arregalados, e grita, 
Grita feito louca
Grita pelo armário
Eu a abraço forte e falo
Espontaneamente:
Eu te am---o
E ela me olha, me aperta.
Sussurra no meu ouvido que já não tem mais medo
Depois adormece...



Presente para Flavia (da escola Guignard)

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